Educação, eleições...uma crônica anacrônica sobre a incapacidade social de aprender e ensinar!
Domingo teremos eleições municipais, e da boca dos candidatos não sai outra coisa: educação é prioridade! Pena, que a prioridade passe apenas pela construção de mais prédios, de licitações, contratações, etc. Há tantas cobranças sobre a escola... mas afinal, escola para quê?
Ontem, numa sociedade chamada trem, encontrei uma amiga, também educadora, e como não podia deixar de ser, começamos a refletir sobre o papel da escola na sociedade, e ela me disse que vê com bons olhos a proposta dos "CEUS", já eu, disse a ela, que, considero um erro aglomerar tantas pessoas no mesmo espaço físico, quanto mais gente, mais problemas, que prefiro escolas menores. Mas, tamanho do prédio a parte, infelizmente o papel da escola se resume em produzir e reproduzir toda a problemática da sociedade atual. Nós, alunos e professores estamos alienados deste processo de compreensão e controle social do ambiente escolar.
Costumo dizer: escola é uma aula de cada vez... Numa dá tudo certo, na outra nem tanto e assim vai. E, dentro dessa teoria, até que comecei minha semana bem com meus alunos do Glicério, discutindo os roteiros dos seus curtas, problematizando situações colocadas neles, pois alguns tratam de indisciplina, outros de afetividade, gravidez na adolescência, superação e até da relação professor / alunos. E o otimismo até continuou com meus alunos de Geografia, em Mauá, aplaudindo os Panteras Negras, com alguns erguendo as mãos pra dizer "Power to the People"! Com outros falamos da Formação do Povo Brasileiro, da construção social dos esteriótipos, das diferentes culturas... Uma semana corrida, cansativa, com todas as questões pessoais que um cidadão comum pode ter, mas, apesar dos pesares, pensei: "pelo menos estou conseguindo ensinar alguma coisa"...
Porém, a semana ainda não havia terminado, e atualmente, a escola é praticamente online, afinal, penso a WEB também como um espaço de ensino e aprendizagem, onde encontramos nossos alunos e colegas por lá... e eis que acabei me deparando, hoje, com a produção e reprodução do que de pior se construiu socialmente: a falta de respeito! Alunos de diferentes escolas e séries, com seus diferentes colegas, de diferentes lugares, com famílias e vidas também diferentes praticando todo tipo de preconceito e discriminação, escondidos atrás de seus teclados e mais, reivindicando isso como Liberdade de Expressão!
Em tempos de eleição, e com todo o contexto político com que tenho me deparado neste país, chego a conclusão, senhoras mães, senhores pais, caros colegas professores, que não apenas eu, mas NÓS, não aprendemos ainda a respeitar os outros, e dessa maneira somos incapazes de ensinar algo assim.
Sendo assim, só me resta retomar às leituras dos meus mestres em "Ensaio sobre a Lucidez" e "Uma aprendizagem ou o Livro do prazeres", um me leva a refletir sobre a política como um todo social e o outro sobre a educação como processo árduo e continuo, e quem sabe aprender um pouco com José e Clarice me torne capaz de, na tentativa e erro, conseguir ensinar alguma coisa na segunda-feira.
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